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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

As Luzes- Capítulo 11




09h47min

Eu tinha certeza que tinha acordado, meus olhos estavam abertos, mas estava tudo tão escuro que eu parecia ter ficado completamente cega. Eu estava numa espécie de cama, não sabia se era uma cama exatamente, mas era tudo muito macio e cheirava bem.
- Alguém? Por favor? – Gritei desesperada. Tentei me levantar, mas o chão estava muito gelado, então resolvi ficar na cama. Ainda permanecia muito escuro e eu continuei gritando até alguém finalmente aparecer.
- Melissa... – Era a voz de Aaron, eu não estava enganada, eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar e mesmo que se passar cem anos a voz de Aaron continuaria a mesma.
- Aaron, pode ligar a luz, eu não consigo te ver. – Disse ficando de joelhos na cama.
Aaron apareceu pra mim numa luz bem fraquinha. Ainda continuava muito escuro e não dava pra enxergar quase nada. Só Aaron que se aproximara bem devagar perto de mim.
- Pronto, consegue me ver agora?
Aaron estava lindo. Não tinha envelhecido nada. Depois de sete anos Aaron continuava a mesma coisa. O mesmo cabelo médio, os mesmos olhos claros e brilhantes, o mesmo rosto tranqüilo.
- Por que está fazendo isso comigo, aliás, por que fez isso comigo durante esse tempo todo? Você não tem noção pelo que eu passei esses sete anos sem você. – Disse olhando bem fundo nos seus olhos. – Posso te abraçar? Pelo menos...

E Aaron chegou mais perto de mim e me deu um beijo na testa e disse:
- Você também não tem noção do que é poder te olhar, mas não poder te tocar. – Disse segurando minhas mãos.
- Me explica o que aconteceu? Explica-me você... Explica-me tudo... É tudo tão surreal pra mim.
- Pode fazer todas as perguntas que quiser, hoje vou te contar tudo o que aconteceu naquela noite e durante todos esses anos por que você não pôde me ver. – Sorriu.
De repente tudo ficou bem claro e branco. Mas só havia eu, Aaron e a cama em que estava sentada.
- Primeiramente, onde estamos? Que lugar é esse? – Disse assustada.
- Estamos onde eu vivo. Estamos quase no céu. Mas pode ficar tranqüila... Você vai sair daqui depois que eu lhe contar tudo.
- Tudo bem então, pode me dizer o que aconteceu naquela noite em que me salvou?
- Melissa, primeiro quero lhe dizer uma coisa... – Disse abaixando a cabeça e depois olhando para os meus olhos outra vez. – Não sou igual a você. Na verdade meu trabalho é tirar as dores das pessoas que estão morrendo levando-as a um lugar de eterna tranqüilidade.
- Como assim? Então você mentiu pra mim... – Disse já bastante irritada. – Você não trabalha com fotografias e luzes.
- Não, não trabalho, mas aquele era o trabalho que eu queria seguir, aquele era o apartamento que eu queria ter, tudo aquilo foi uma ilusão, mas tudo isso eu só poderia ter se eu fosse humano.
- Você é louco? O que é você?
- Melissa... Naquela noite em que passou muito mal por ter ingerido uma droga muito forte... Você estava morta, e eu tinha ido até lá para te levar comigo.
Comecei a chorar quase não entendendo muito bem. Morta? Eu não estava morta, eu acordei na casa de Aaron... Impossível.
- Aaron, como você me diz uma barbaridade dessas? Como me explica eu ter acordado então?
- Melissa, eu entreguei sua vida de volta ao seu corpo. Eu não queria deixá-la morrer, então fiz... Estou aqui de volta pra te falar que fui punido por um tempo por ter feito isso. Sete anos... Sete anos de punição. – Seus olhos ainda brilhavam... – Melissa, eu sou um anjo... Mas não sou um anjo qualquer, sou um entre vários anjos da morte, como as pessoas daqui da terra costumam nos chamar.
- O que? – Eu ri um pouco e depois parei – Anjo? Aaron eu não acredito em anjos...
- Então como me explica eu ter desaparecido da sua frente em questão de dois segundos? Pode me explicar Melissa? Pode me explicar eu não morar naquele prédio em que você foi visitar pensando que eu estava lá? Pode me explicar como se salvou daquele acidente horrível de carro em que sofreu a quatro anos atrás? Explica-me... Vai em frente.
- Como você sabe que... Você realmente é um anjo... Mas se você é um anjo da morte porque me salvou todas as vezes que corria perigo? Por que não me levou e me deixou morrer?
Aaron se levantou e me deu as costas...
- Melissa eu te... Eu não sei bem te explicar isso, até por que acho que não deve ter muitas explicações pra isso que eu sinto... Mas eu só queria te proteger...
- Aaron você me ama. É isso? – E com um sorriso fui até ele e lhe abracei por um longo tempo...

Os Anjos da morte são como homens perfeitos. Trabalham de acordo com a lei. E pelo contrário, os anjos não são ruins e odeiam os humanos, eles fazem o que faz com muito amor e caridade. Os anjos que regem os processos da concepção vivem, normalmente, na quarta dimensão, e os que governam a morte vivem na quinta dimensão. Os primeiros conectam ao Ego com o zoosperma, os segundos rompem a conexão que existe entre o Ego e o corpo físico. Os ignorantes vêem os anjos da morte como uma figura aterrorizante, mas Aaron não era nada aterrorizante, e pelo contrário, era lindo... E estava apaixonado. 

continua...

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