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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Chorar e Rir.



E enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo, cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida. 

Machado de Assis, in "Quincas Borba"

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Trecho: O dia de ontem - Caio Fernando.

(...) Os próximos passos me eram dados sem que eu pedisse, e sem aqueles entreatos vazios, sala de espera, quando os outros propunham jogos da verdade e nós ríamos da sofreguidão deles em segurar com mãos limosas o que sequer se toca.Te mostrei então o livro aberto, e a dedicatória para aquele remoto e provavelmente doce Paco - nos encontramos no espaço cósmicos entre nossos dois planetas, e de repente disseste que precisavas sair para tomar um pico e eu disse que precisava sair contigo e comecei a pular em cima da cama e achei bom que fôssemos passear com chuva e eu não ficasse esperando o telefonema que não viria e a campanhia que não tocaria e os astronautas que não voltariam a seu módulo sem nos esgotar inteiramente e a batalha que nos recusávamos a travar com eles e unimos nossas duas órbitas e deixamos os outros habitantes e visitantes espantados com a nossa retirada e nossa decisão e nossa contagem sete seis cinco quatro três dois um- decolamos em direção a sala, alcançamos o patamar, as escada, a porta, a estratosfera. Viajamos pela rua sem direção e quando percebemos estávamos dentro do cemitério e eu cantava para uma sepultura vazia e misturávamos Hamlet com pornografia e João Cabral de Melo Neto e as pessoas nos olhavam ofendida e gritávamos os deuses vivos Bethânia Caetano para a cova rendilhada de cimento e não compreendíamos além do irreversível daquele poço limitado por cimento ser o nosso único e certo limite limitado por cimento. Passeávamos devagar entre as sepulturas. Eu cantava incelenças e disseste que eu era inteligentinho porque te mostrara a dedicatória de Cortázar na hora em que precisavas de humildade porque fôramos como as ervas mas não nos arrancariam ainda que eu não fosse humilde até então eu não era humilde e recobria minha estopa matéria gasta perfurada com a vontade de te fazer explodir colorida e simultânea. A chuva fria varava nossas roupas, mas não chegava até a pele: nossa pele quente recobria nossos corpos vivos e passeávamos entre túmulos e eu dizia que no meu túmulo queria um anjo desmunhecado e não dizias nada e eu cantava e de repente olhaste uma flor sobre uma sepultura e disseste que gostavas tanto de amarelo e eu disse que amarelo era tão vida e sorriste compreendendo e eu sorri conseguindo e vimos uma margarida e nem sequer era primavera e disseste que margarida era amarelo e branco e eu disse que branco era paz e disseste que amarelo era desespero e dissemos quase juntos que margarida era então desespero cercado de paz por todos os lados.Era o dia de ontem e era também feriado: sentamos sobre um túmulo e inventamos historinhas e nos deitamos de costas sobre o mármore do túmulo branco e lemos os nomes das três pessoas enterradas e eu pensei que estávamos recebendo os fluidos talvez últimos das três pessoas enterradas e fiquei aterrorizado porque não soube precisar se eram positivos ou negativos e chovia chovia chovia e a alameda de ciprestes ensombrecia as aléias vazias e subi no túmulo e imitei a Carmen Miranda e disseste que ela estava enterrada naquele cemitério e pensamos: se um raio rompesse agora o cimento do túmulo e ela saísse linda e tropical com o turbante cheio de bananas pêras uvas maças abacaxis laranjas limões & goiabas dizendo que não voltara americanizada com trejeitos brejeiros e transluciferinos e de repente entrou um enterro de pessoas cabisbaixas e dissemos que a visão ocidental da morte era demais trágicas mesmo para ex-suicidas como nós e que já era já era já era e eu repeti aos gritos que queria um anjo bem bicha desmunhecando em cima do meu túmulo sobre o cadáver do que eu fui ontem.Mas de repente o medo que os portões fechassem porque anoitecia. O cemitério no meio do vale : o Cristo, montanhas, favelas, edifícios, ruas, automóveis, pontes, mortes. Foi na saída que houve um entreato: paramos sobre uma poça d´água e eu te convidei para ver o nosso amigo árabe que a gente amava tanto porque ria em posições estranhas e tinha um irmão que viera do Piauí e não conhecia sorvete e disseste que precisavas ver teus tios que tinham vindo do sul para te ver e que queria ver o Juízo Final. E que ou víamos nosso amigo árabe e bruxo ou íamos aos teus tios e ao Juízo. Eu não soube escolher. Pedi que não me fizesses tomar decisões ontem hoje ou amanhã quaisquer que fossem - porque também sabíamos ambos que queríamos alguma coisa acontecendo nítidas depois do cemitério. Foi então que aquele carro parou e perguntou sobre uma rua de Copacabana e informamos e lembramos que teus tios estavam em Copacabana e fomos de carona até Copacabana que, desta vez, não nos enganaria. Dentro do carro repeti o que acabavam de me dizer: espera que o inesperado dê o sinal.Vermelho - Verde - verde - vermelho.Entrei com medo da recusa que sempre sentia nos olhos e nos gestos de todos que possuíam coisas e perguntaste se não seria melhor eu desamarrar o cabelo mas eu disse que não porque ia ficar enorme e eu não queria assustar nem agredir naquela hora exata eu não queria afastar nem amedrontar. A empregada abriu a porta para nós. E de repente aquela mulher começou a olhar para nós e a falar de seus transportes de viagens astrais. Alfa. Centauro. Luz. Era espantoso uma mulher de vestido estampado fumando com piteira sobre tapetes quase tapeçarias e ar condicionado dizer que era filha de Oxum e que via nos espelhos rostos que não eram o seu e que uma vez voara suspensa sobre o próprio corpo gelado sem poder voltar. Era espantoso que tu a conhecesses há anos e nunca tivesses suspeitado daquela face oculta e louca e mágica atrás da máscara marcada mascarada mascar a máscara de nácar aquariana.Ontem, nós estávamos muito loucos. Voltamos de ônibus para comer atum e vermos o Juízo, e fizemos tudo rapidamente, e rapidamente encontramos um argentino que veio em nossa direção e viu o livro aberto de Cortázar e disse que era Peixes e eu disse Virgem e disseste Leão e dividimos com ele nosso atum e nossas bolachas roubadas de supermercados e convidamos ele para sair com a gente e gostamos dele e ele gostou de nós dum jeito tão direto e não me importou que meu amigo não tivesse telefonado e nenhuma carta tivesse chegado ainda que eu estivesse distraído. Quisemos que nosso novo amigo que escrevia e estudava arquiteturas a muito corrompidas bem antes e há tanto tempo fosse até o fim do dia de ontem conosco. Mas nos perdemos na porta do julgamento.Depois eu chamei Baby de menina suja e gritei para ela: come chocolates, come chocolates, menina suja, e ela ria e explodia mais e nós ouvíamos sacudindo os cabelos repetindo juntos que éramos todos amor da cabeça aos pés. Depois nos esperavam a avenida deserta no Leblon e a Mona Lisa tomando suco de laranja. Já não era feriado, já não era ontem, e nós apodrecíamos em tempoespaçoagora. Descemos do ônibus pisando em poças de lama, subimos devagar as escadas e foste conversar com nossa amiga loura e dura, às vezes criança, e lembrei que precisava achar um lugar para morar dentro de nove dias, agora oito, e que não tínhamos dinheiro nenhum, e que eu tinha medo, e que eu estava cansado de ser pago para guardar minha loucura no bolso oito horas por dia, e deitei, e olhei pela janela aberta, e fumei na piteira de marfim quebrado para economizar o cigarro, não por requinte, entende, éramos tão pobres, e quis não pensar, e abri Cortázar e li, e não li, e quis morrer, e lembrei que não conseguiria, e senti a insônia chegando, e soube que não resistiria, e lembrei que havias pedido que eu lesse Cortázar para ti, pausadamente, e soube que não conseguiria, e lembrei do amanhã sem feriado e da minha janela aberta sobre o aterro onde longe, no mar, vejo navios que vêm e vão à Europa, ao Oriente, a Madagáscar,e enquanto conversavas com nossa amiga loura e dura e raras vezes criança, eu ficava sozinho no nosso quarto, e quis te dizer de como era bom que a gente tivesse se encontrado, assim, sem pedir, sem esperar, e soube que não saberia, e precisei tomar os comprimidos amarelos para não afundar e sentir o telefone calado gritando em silêncio na cabeceira, e soube que nem o nosso nem outro qualquer encontro solucionava ou consolava exconsolatrix, e de repente percebi que os papéis tinham rasgado, o veludo esgarçado, as sedas desbotadas, e o que ficava era aquela estopa puída velha gasta: a pobreza indisfarçavel de ser o que eu não tinha.Um tempo depois, seria mau contigoEntão voltaste. E eu te disse que além do que não tínhamos, não nos restava nada. Disseste depois que o dia inteiro só querias chorar, e que eu aceitasse. Eu disse que achava bonito e difícil ser um tecelão de inventos cotidianos. E acho que não nos dissemos mais nada, e dissemos outra vez tudo aquilo que já havíamos dito e diríamos outras e outras vezes, e de repente percebemos com dureza e alívio que já não era mais o dia de ontem - mas que conseguíramos sentir que quem não nascer de novo já era no Reino dos Céus. Não sei se não ouviste, mas ele não veio e a noite inteira o telefone permaneceu em silêncio. Foi só hoje de manhã que ele tocou e ouvi tua voz perguntando lenta se eu ia continuar tecendo. Olhei para tua cama vazia, e para os livros sobre o caixote branco, e para as roupas no chão, e para a chuva que continuava caindo além das janelas, e para pulseira de cobre que meu amigo me deu, e para a ausência do amigo queimando o pulso direito, mas perguntaste novamente se eu estava disposto a continuar tecendo - e então eu disse que sim, que estava disposto, que eu teceria.Que eu teço.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Um garoto de verdade...





... Não vai se importar com o tamanho do seu sutiã, com a grossura das tuas coxas, se você tem bunda grande, e nenhum sinal de barriga. Um garoto de verdade vai reparar no teu sorriso, no modo como você coloca o cabelo para trás da orelha quando está nervosa, na tua risada, no modo em que seus lábios se movem enquanto você fala, no teu jeito histérico ao ver um filme de terror, no teu jeito estranho de correr, nas tuas manias, nos teus gestos exagerados e na forma como você pronuncia o nome dele. Um garoto de verdade vai te amar pelo teu conteúdo, e não pela embalagem. 

(Bianca Mesquita)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

De Caio Fernando De Abreu.





Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar.Re-amar.Amar.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Felicidade Inventada





Fingir felicidade nem sempre é o suficiente pra apagar do coração a dor que sentimos. Acredite, ela ainda vai estar lá, de um jeito ou de outro assim que você abrir os olhos. Embora, pra nós não faça diferença.  É estranho se sentir assim, acordar todos os dias pensando em como a realidade não é o suficiente. Guardamos velhos sentimentos, que acabam fazendo parte de nós. Tão velhos, que às vezes nem lembramos que eles já existiram um dia. Essa lista só aumenta. Sentir acaba se tornando uma necessidade. E, apesar de tudo, vale muito a pena.

Fonte: Sinta o Amor
www.sinta-o-amor.blogspot.com 

sexta-feira, 1 de julho de 2011

(...)







Antes de amar você, eu não sabia qual era a sensação de olhar para alguém e sorrir sem nenhum motivo

terça-feira, 10 de maio de 2011

Probabilidade.



Se ele te faz sorrir, a probabilidade de você não se apaixonar por ele se torna mínima.

sábado, 23 de abril de 2011

Perfeita pra você.






Ela não é nem de longe a menina que você imaginaria namorar um dia. Você imagina namorar com uma garota de curvas perfeitas, cabelos incríveis, popularidade altíssima. E ela não é nem magra, nem gorda, não tem o cabelo incrível, mas do jeito que o prende, deixando umas mechas soltas, fica linda, e não é popular. Odeia lugares muito lotados. Mas ela te faz sorrir. Ela dança na sua frente, de um jeito engraçado, te beija a ponta do nariz e chama de bobo, bagunça teu cabelo e te chama de menino lindo. Ela fala coisas sem sentido, a depois sorri, quando vê sua cara de: ‘você não é normal’. Ela não é mesmo nem de longe a menina que você imaginaria namorar, porque ela é bem mais que tudo aquilo que você imaginava. Ela não é perfeita pra ninguém, mas é perfeita para você.


 Jéssica Figueredo

segunda-feira, 21 de março de 2011

O que é mais foda?


Você gostar de uma pessoa e ela não gostar de você ou você ter a oportunidade de ser feliz com outro cara, mais não ter vontade nenhuma por não sentir o mesmo por ele ? 


@giid




domingo, 13 de março de 2011

Tati Bernardi -



A casa de todas as casas

Domingo besta e minha amiga me liga. Se eu quero ir ao Love Story (Rua Araújo, 232, tel 3231-3101, Centro, mulher sozinha não paga) fazer ponta de figurante no filme da Bruna Surfistinha. Como assim? Tá louca? É puta de luxo, amiga. A princípio ninguém topou mas agora a mulherada tá toda aqui no banheiro de casa, se produzindo há horas. Tamo morrendo de rir. É puta de luxo! Vem pra cá. Ok. Vou pra rir da cara de vocês. Vou de calça jeans, camiseta gola alta e tênis. Assisto as gravações, me divirto horrores rindo da cara de vocês, janto de graça, conheço a Débora Secco que acho a maior gata, paquero um daqueles garotinhos assistentes cheios de sonhos e pôsteres do Truffaut e tudo isso é infinitamente mais divertido do que ver Manhattan Connection. Saio do banho e coloco um Prince no último volume. Pra que tanto ânimo se vou botar calça jeans, camiseta e tênis? Ah, não custa nada botar um vestidinho decotado e um salto alto. Só pra ser parceira. Vão estar todas de puta de luxo e eu não posso ser tão egoísta. Aliás, puta de luxo, só percebo agora, tem um efeito halls na minha cabeça. Pu-ta-de-lu-xo. É tipo o quê? Vou estar em catálogo pra minerador? Vou receber convite pra jantar com playboy produtor de teatro naqueles bares neon "wanna be miami" do Itaim? Não, esse tem o decote muito discreto. Vão preferir minhas amigas e eu não posso perder pra elas. E esse salto tem bico redondo. Eu não sou bonequinha sexy. Eu sou uma puta de luxo. Então, bico fino, salto agulha, pulseirinha no calcanhar, vestido curtérrimo com decote até o umbigo, meia fina. Esse tipo de coisa que mulher aponta achando a coitada uma suburbana fogosa e o cara aponta achando que é a mãe de seus filhos. Coloco meu sutiã que enche mais o peito do que levar cantada do Thiago Lacerda (eu juro que já levei, mas eu tava no escuro). Realizo então meu sonho de uma vida inteira: ultrapassar 70% os limites da maquiagem permitida pra trafegar tranquilamente pelas ruas sem me confundirem com a Bozolina versão piranha. Capricho na sobrancelha preta, no batom vermelho, na sombra dourada. Me faço uma pinta no canto da boca ou não? Não. Por enquanto ainda devo estar valendo um cinquentinha. Talvez oitenta, considerando que tá tudo depilado, cheiroso e semestralmente aprovado por exames de sangue. Eu tenho toc com a minha saúde sexual. Coloco um colar de pérolas que comprei em Paris e subo pra uns cento e trinta mais o táxi. Uma florzinha no cabelo e já tô quase eu mesma pagando por uma noite comigo. Aliás, não seria nada mal arrancar toda essa roupa, botar meu pijama listrado e assistir o Manhattan Connection tomando a sopa que mamy fez. Será que vou pagar esse mico ou fico aqui? Prince diz que sim. Eu vou. Agora é torcer pra ninguém cruzar comigo no elevador. Mas se cruzarem, digo que é festa a fantasia. Para o porteiro eu digo…ah, não digo nada porque tô com o gloss que incha a boca e pinica, não dá pra falar. Taxista querido, por favor, eu sou uma fêmea vestida desse jeito indo para um puteiro do centro mas é tudo pelo amor ao cinema. Ou pelo ódio ao tédio. Sei lá. Ele nem responde. Melhor assim. Daí minha amiga me liga e diz o que jamais deveria ter dito em vida: "o diretor mandou você ir entrando no personagem". Oi? É. Tá. Reparo nos carrões que passam por mim. Ajeito o bojo fazendo conta. Quanto será que ganha uma puta de luxo? Viaja o mundo? Ganha jóias? Passa a tarde na drenagem? Tem sempre o celular tocando e nunca, jamais, divide conta com jornalista que fez sociais e ainda achou um absurdo o valor do manobrista e se recusou a pagar pela segurança do carro que confortavelmente o buscou em casa? Chega, essa vida acabou. Agora, assim como aprendi a fazer com o que escrevo, eu ia valorizar mais o que de melhor tenho a oferecer para o mundo. Na porta do Love Story, a casa de todas as casas, senti que algo de estranho acontecia dentro de mim. No caminhar duro mas requebrado, no jeito de aliviar o calor da nunca, nos olhos que sorriam lateralmente ainda que a boca e o nariz permanecessem sérios demais, prontos a farejar e abocanhar. Eu era uma puta experiente e de luxo. Uma puta que sabe o que fazer, mas não faz pra qualquer um. É isso o que eu era. E eu odiava as minhas amigas, aquelas vadias, porque estávamos lá pra competir pelo melhor partido. E nada disso me parecia novo. Eu definitivamente estava no personagem. Tive certeza disso quando retoquei o batom bem vermelho pela enésima vez e resolvi que quatorze ao invés de dois botões abertos era um número mais cabalístico. Nos intervalos das filmagens minhas amigas contavam causos do escritório, contavam dos sobrinhos fofos que tinham visitado no último domingo, contavam dos maridos e namorados que tinham aproveitado a noite livre pra tomar cerveja com alguns amigos. E eu pensava. Bela merda. Essa vidinha lá fora. Bela bosta. Quanto é que vamos faturar aqui e agora. Hein? Aquele figurante ali, de gravata, é rico mesmo? E aquele outro na mesa, de camisa aberta com correntes, paga quanto? Tati, tá tudo bem? Quem é Tati? Meu nome é Jéssica com K. E eu quero dar loucamente. Eu quero dançar ali em cima. Desce daí, Tati. Quero rebolar, quero que esfreguem dinheiro em mim, quero lamber o poste, quero suar purpurina, quero que rasguem essa minha roupa, quero esfregar meus peitos na sua cara, chacoalhar meu cabelo molhado até cair de quatro. Foi quando o diretor parou a filmagem, num alto-falante: -Tati, desce! -Rebolando até o chão? -Não, desce de cima do queijo! Desculpa querida, mas a última coisa que você tem é cara de puta. 
E esse foi o pior momento da minha vida.

Ela pega e me pisca, belisca, petisca, me arrisca e me enrosca.  





terça-feira, 8 de março de 2011

Odeio.





Odeio homens que olham para bundas como se admirassem uma carne pendurada no açougue e odeio mais ainda quando fazem bico e aquele sim com a cabeça, tipo "concordo com o mundo que ela é muito gostosa". E se ele fizer aquela chupada pra dentro do tipo "ui delícia" já é algo que ultrapassa os limites do meu ódio. Eu odeio submissão e mais do que tudo pessoas que tentam ser forte o tempo todo quando o que mais querem é chorar até a última gota desamparada. Odeio pessoas muito oleosas, muito peludas e meninas que gostam de adesivos de florzinha. Odeio mulher que sai dando pra meio mundo e perde o mistério. A propósito odeio a expressão dar. Odeio meninas caçadoras de homens ricos. Odeio dividir banheiro, pêlo em sabonete, acordar cedo e adolescentes peruas com voz de pato.








despises.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Amor.





Eu não me cansei do amor, me cansei das lágrimas, das mentiras, das palavras que eu nunca quis ouvir, do coração em pedacinhos espalhados pelo chão, de tentar, tentar, tentar.
Mas do amor... não.




Acho que de alguma forma a gente se sente melhor quando mostra o quanto está doendo. Quando encontra na ordem das palavras uma maneira de jogar na cara de alguém o quanto doeu e quanto alguém algum dia soube dessa dor. Nunca adianta.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Não adianta.

Acho que de alguma forma a gente se sente melhor quando mostra o quanto está doendo. Quando encontra na ordem das palavras uma maneira de jogar na cara de alguém o quanto doeu e quanto alguém algum dia soube dessa dor. Nunca adianta.


http://brunavieira.tumblr.com  

Ele Não Está Tão Afim De Você.





— Ensinam muitas coisas às garotas: se um cara lhe machuca, ele gosta de você. Nunca tente aparar a própria franja. E um dia, vai conhecer um cara incrível e ser feliz para sempre. Todo filme e toda história implora para esperarmos por isso: a reviravolta no terceiro ato, a declaração de amor inesperada, a exceção à regra. Mas, às vezes, focamos tanto em achar nosso final feliz que não aprendemos a ler os sinais, a diferenciar entre quem nos quer e quem não nos quer, entre os que vão ficar e os que vão te deixar. E talvez esse final feliz não inclua um cara incrível. Talvez seja você sozinha recolhendo os cacos e recomeçando, ficando livre para algo melhor no futuro. Talvez o final feliz seja só seguir em frente. Ou talvez o final feliz seja isso: saber que mesmo com ligações sem retorno e corações partidos, com todos os erros estúpidos e sinais mal interpretados, com toda a vergonha e todo constrangimento, você nunca perdeu a esperança.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Minha melhor realidade.





Tu tens noção do quanto mexe comigo? Não me importo com que os outros pensam. Posso passar anos sem falar contigo, mas toda vez que ficamos é a mesma coisa. Meu coração sempre bate da mesma forma. Só tu consegues fazê-lo parar e voltar num ritmo descontrolado em questão de segundos. Tu sempre vais ser tudo pra mim. Às vezes sinto que nunca mais vou sentir isso por outra pessoa. De certa forma, não gosto muito de pensar sobre isso. Me assusta cogitar a ideia de que eu nunca vou te esquecer.

Mary Wonq

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Quando me amei de verdade...





Quando eu me amei de verdade parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Quando me amei de verdade, comecei a me livrar de tudo o que não fosse saudável, pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse pra baixo, de inicio minha razão chamou essa atitude de egoísmo, hoje sei que se chama amor próprio.

(Charles Chaplin)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Não sinto mais.



Hoje em dia estou me sentindo como pele morta. Tocam, furam, provocam... E eu não os sinto. Indiferença.­ ­É difícil responder aos estímulos se você não tem mais um foco, se você não espera mais nada da vida.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Garotas





Garotos pensam que para conquistar uma “garota” é preciso ser fodão, musculoso e bonitão. Não, para conquistar uma garota, o segredo é ser discreto, humilde e principalmente cavalheiro, seja misterioso, elas gostam de explorar, descobrir… Não trate ela como segunda ou terceira opção, não fale que ela é feia, chata ou desinteressante, eu sei bem que quem desfaz quer muito comprar. Garotas precisam de atenção, carinho, compreensão, seja ela delicada, agressiva ou desapegada, toda garota é garota o bastante para precisar de proteção, digo mais uma vez, não se conquista “verdadeiramente” o coração de uma jóia dessas, com mentiras, se for para mentir, esqueça-a, você nunca irá merecer o carinho e amor dela, ela é digna de um verdadeiro “homem”, pois quem brinca com o coração de quem se é frágil, não merece ser amado. Garota, tu és tudo, valorize-se.







N. Martins Rosa.