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sábado, 14 de janeiro de 2012

As Luzes - Capítulo 1




“Quantas vezes mais vou ter que esconder isso que sempre esteve guardado dentro de mim logo depois que foi embora? E quantas vezes vou ter que mentir esse sorriso lindo - Segundo você - que presencia cenas desagradáveis ao meu órgão vital?”

Eu me perdi durante aquela confusão. Meus olhos se encheram de lágrimas e eu não sabia o que exatamente eu estava fazendo ali. Mas de repente vi uma luz. Era tão pequena, e pouco, mas era uma luz, eu sabia. Era você. E tudo de repente estava lento. Você corria para todos os lados, pessoas te empurravam e estava ficando escuro. Meus olhos de vez se fecharam, mas eu pude sentir o seu toque na minha perna. Você me levantou naquela multidão e saímos comigo nos seus braços.

Vi-me em uma cama bagunçada e nela havia coisa do tipo: Livros, sapatos, objetos masculinos. Meio sem jeito e desesperada eu pulei da cama bagunçada cheia de objetos e ele já estava me esperando na cozinha.
Era lindo. Tudo: A cama, o chão, a cozinha, os espelhos, ele...
- Que bom que acordo, pensei que iria ficar o dia inteiro dormindo - Ele disse com voz meio rouca de quem tinha acabado de acordar. Realmente ele tinha acabado de acordar e eu não sabia bem o que dizer. Será que ele dormiu comigo? Mas e todos aquele objetos?
- Eu... Acordei...É... Quem é você? – Eu já estava apavorada. Quem seria aquele cara? Era bonito, sim, ele realmente era. Não devia ser um ladrão, seqüestrador, ou coisa do tipo.
- É uma longa e ao mesmo tempo curta história, meio confuso eu sei, mas você irá entender- Ele veio até a mim,estendeu a mão perto do sofá.
- Sente- se- Eu vou te explicar.
Eu me sentei. Acalmei-me. Ele me deu um copo de água e tudo ficou mais tranqüilo.
- Pode começar a se explicar...
- Aaron, prazer.
O nome dele suava doce de seus lábios. O que estava havendo comigo. Ele me hipnotizava a cada segundo que se passava. 
Aaron era bem alto e tinha cabelos médios castanhos, seu corpo pouco atlético prendiam meus olhos ao seus olhos grandes e claros.
- Melissa, mas creio que deve saber, por ter olhado nas minhas coisas... talvez...
- Relaxe, não sou um cara mal, muito pelo contrário, posso até arriscar dizendo que salvei- lhe.

Salvei-lhe. Aquilo não penetrava na minha cabeça. Na verdade eu não me lembrava o que havia acontecido na noite passada. Só me lembrava que uma amiga tinha me chamado pra ir a uma festa. Eu não era do tipo festeira, mas acabei indo por falta do que fazer e por muita insistência dela. A maioria das pessoa me criticavam por isso. “Você nunca vai conseguir um namorado.” “Você é careta.”. Isso sempre me magoou muito, mas eu nunca demonstrei. E deve ser por isso que as pessoas me achavam forte e insensível. A verdade é que nunca me interessei por sentimentos maiores do que sentir admiração a alguma coisa ou alguma pessoa. Eu nunca senti amor. Essa era a minha maior verdade.
- Me conte, eu não me lembro de muita coisa. – Disse de cabeça baixa e totalmente confusa
- Primeiro de tudo, você não está longe de sua casa, fique tranqüila, a levarei até lá quando se recompor – Ele estava calmo, o que me dava mais tranqüilidade ainda – Estávamos numa festa, você não chegou a beber muito...-

Espera aí! Como ele sabia? Ficou me vigiando será? O que esse cara queria comigo? Estava ficando paranóica. Então ele continuou – Você nem estava dançando direito, só estava no balcão com sua amiga. Foi quando um cara se aproximou de você e disse que queria dançar, você recusou como todas as vezes que fez quando vinham outros caras e te chamavam pra dançar.
Que bom, pelo menos num dancei com alguém, não sabia dançar, era super desastrada. E enquanto ele falava, eu ia me lembrando do que havia acontecido de verdade.
- Foi quando esse último cara colocou algo na sua bebida sem que você percebesse, era uma coisa alucinógena. Fez-te muito mal. Foi quando sua amiga correu atrás desse cara e arrumou uma confusão desastrosa.

Minha amiga. Agora me lembro do que havia acontecido. Ela realmente correu atrás dele me deixando pra trás. Ela sempre foi do tipo louca. Devia estar bêbada, certamente. Ela havia me deixado pra trás e demorou muito pra voltar. Foi quando eu andei entre a multidão, tinha muitas pessoas lá, e todas pareciam me olhar. Foi quando tudo ficou lento e escureceu. Foi quando também senti as mãos frias de Aaron em mim.
- Aaron... agora me lembro. Ela não voltou, minha amiga Aaron, ela não voltou, onde ela está?- O medo tinha voltado, estava ansiosa, preocupada e de repente senti um enjôo horrível.
- Acalme- se, ela está bem. Encontrei com ela no final da festa e ela que me mandou te trazer pra cá. Falou que não devia te levar pra casa, não poderia ficar sozinha, e se fosse para a casa dela desmaiada sua mãe iria reclamar muito e iria contar a sua família o que aconteceu. Me disse também que sua família era reservada e você não é do tipo de menina que se encontra em qualquer esquina. Você é diferente, e me mandou cuidar de você
Como assim minha amiga me deixa com um estranho e manda ele simplesmente cuidar de mim?
- Ela é louca, você não reparou? – Estava começando a ficar com mais enjôo e estava estressada a ponto de bater naquela cara.
- Olha pode parecer muito, muito estranho, mas eu a conheço. E nunca faria mal á você, de maneira alguma. Sua amiga confiou a mim, senão não tinha feito o que fez. Sua amiga quis realmente cuidar de você. Insistiu muito que a levasse pra minha casa. Por isso fiz o que fiz. E se acha que dormi perto de você fique relaxada. Dormi na sala, bem longe de você. E preparei um chá que agora você deve estar com alguns enjôos.
Eu tinha que acreditar no que ele estava me falando. Parecia ser sincero. E continuava lindo. Rouco. A cozinha. Os objetos. A cama... Tudo. 

continua..

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