" Não quero que vá, eu posso nunca mais vê-lo outra vez, não suportaria viver sabendo disso."
Saímos de seu apartamento e pegamos o elevador. O Elevador ficava
bem perto, e o apartamento de Aaron era o único em seu andar. No elevador
continuava curiosa. Donde esse homem me conhecia? Afinal, será mesmo que me conhecia
ou só estaria inventando? Fiquei com a segunda alternativa. Com certeza estaria
inventando toda aquela conversa. Já não queria mais saber. Estava a ponto de
desistir quem Aaron realmente era.
- Eu... Só queria agradecer pela terceira vez. Como posso te
retribuir a tudo que fez por mim?
- Não se preocupe com isso. Não retribua. Não fiz isso
pensando em troca de favores.
Aaron era perfeito demais pra ser verdade. Educado,
cuidadoso, porém misterioso demais pra mim. Eu abaixei a cabeça e sorri como
quem não queria nada.
Chegando a porta de entrada do prédio percebi que conhecia
aquele prédio. Realmente ficava perto do meu apartamento. E eu o achava o
prédio mais lindo de toda cidade. Aaron morava no prédio dos meus sonhos. Só a
algumas quadras dali e eu já estaria em casa.
- Aaron, pode me deixar na casa da Haley? Minha amiga...
- Claro que posso só me dizer onde fica. - Disse calmo. Nem
parecia o homem nervoso que se encontrara na porta de seu apartamento.
Durante o percurso fui apontando onde deveria virar até
chegar à casa de Haley. Mas eu não queria ir. Eu tinha que ficar. Precisava conhecer
Aaron melhor. A minha bipolaridade não me deixava em paz. Uma hora teria
desistido de conhecê-lo, outrora precisava, necessitava de ficar e saber quem
ele era por trás de todo aquele mistério.
- Então não vai mesmo me contar da onde me conhece certo? –
Insisti.
Aaron olhou para mim e desviou o olhar em seguida. Ficou
quieto durante uns 10 segundos apenas e tentou me explicar da maneira mais
complexa de onde me conhecia.
- Você só precisa saber que está protegida Melissa- Com a
voz firme e começando a ficar nervoso outra vez. – Você não precisa saber quem
eu sou só precisa saber que está protegida e que está bem agora.
O que? Protegida? Eu
ouvi bem? Aaron foi contratado pelos meus pais por acaso? Eu não sabia o
que dizer muito bem. Eu estava meio confusa e desacreditada.
- Aaron olha só, sem joguinhos comigo ok? Eu vou te falar a
verdade. Desde quando eu acordei queria saber quem você era. Você não me disse.
Só falou seu nome. Bem... Você já sabe que sou escritora e até possui um livro
idiota que escrevi num estágio de loucura. Só pelo menos me diga. O que você
faz afinal? Sai por aí “protegendo” as meninas indefesas? Qual é, me diga?
Aaron deu uma risada discreta. – Se o que quer saber é aonde
trabalho vou lhe dizer. - Com o olhar amedrontado e frio Aaron me disse que
trabalhava com luzes.
- Luzes? Tipo lâmpadas mesmo?
- Não Melissa, Luzes em cidades.
Aaron era algum tipo
de Deus? Luzes? Que tipo de luzes seria?
- É como lâmpadas especiais Melissa, se ficou confuso de
entender. É como lâmpadas especiais em fotografias de cidades grandes, fotografias de pessoas, tudo com luzes. –
Explicou
- Por que não me disse logo que trabalhava com fotografia? –
Fiquei irritada. Odiava esse tipo de coisa. Odiava joguinhos e charadas até eu
adivinhar o que era.
- Na verdade trabalho mais com as luzes mesmo, a parte mais fácil é tirar todas essas fotografias, a complexidade do meu trabalho são as edições, as luzes. – Aaron pegou uma pasta
em seu guarda luvas e me mandou abri-la.
- Veja...
O trabalho de Aaron era lindo. Fotografias coloridas com
luzes. Era perfeito. Era como se Aaron pintasse todas elas. Era como obra de
arte. Aaron era um verdadeiro Artista.
- E você vende todas elas?
- Na verdade colocamos em quadros bem grandes. Enormes quadros,
ou até mesmo uma parede inteira.
Como Aaron ficou tão rico apenas fazendo isso? Ele era do
tipo de cara esperto e inteligente. E usou muito bem essas duas qualidades pra
hoje fazer o que faz. – pensei.
- São lindas. Parabéns pelo seu trabalho. As luzes são
realmente lindas. - E sorri olhando pra ele enquanto ele nem se expressava com
qualquer movimento. Enquanto ele olhava fixamente em direção reta. Nem se quer
me agradeceu pelo elogio.
- Pode guardá-las pra mim? – Falou bem sério.
- É claro Aaron, é claro que posso guardar pra você... –
Estava espantada pela insensibilidade no olhar de Aaron. A mais ou menos meia
hora atrás Aaron estava sendo totalmente cuidadoso e educado comigo. Mas de uma
hora pra outra nem se quer olhava pra mim. Não se movia conseqüente ao meu “tic”
de movimentos bruscos dentro do carro. Sério, calmo e misterioso... Aaron me
parecia ser difícil. E eu adorava coisas difíceis de ser conquistadas.
continua...
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