Sim. Manteve coisas pequenas em seu quarto. Pequeno quarto
em uma humilde casa, em uma vila. Coisas das quais se orgulhava a ter, a admirar,
a adorar todos os dias. Ela era frágil, delicada, fraca demais pra conseguir tudo
o que sonhava. Apesar de serem coisas pequenas. Ela nunca teve grandes ambições
em sua mente, maiores que o próprio cérebro. E que cérebro! Mantivera fotos, objetos,
lembranças fora de cogitação no chão do quarto. Logo após todo esse manejo de
coisas imensuráveis. Ela se rebaixava. Sentia medo... Inverno. O inverno era
seu melhor esconderijo. Sua mãe a obrigava ficar em casa esses dias frios. Ela
perdera aulas construtivas que fariam bem ao seu futuro. Meros detalhes de sua
infância.
Um dia ela cresceu. Mas continuou sendo ingênua todos os
dias durante pelo menos bons dois anos. Foi logo após ter conhecido um
verdadeiro desconhecido que tomou posse de seu coração frágil, mas grande feito
um de mãe. Pra ela, ele sempre fora o príncipe de seus sonhos. O amor de sua
vida. Cega pelos sentimentos errados.
O amor nos parte o coração como todos sabem, se realmente
você não souber como domá-lo. O sentimento mais puro, mais invejado, mais
lindo, e mais destrutível. Destrutível para nossos corações que quase param de bater
quando se deparam com uma decepção. E quantas decepções foram ditadas até agora?
Quantas vezes você já perdoou não perdoando? Você não foi completamente sincera
quando prometera a si mesma que nunca mentiria quando o assunto fosse essa
coisa de coração, sentimentos, amor e todas essas coisas que todos sabem.
Acreditar em sua mentira pode ser uma conseqüência. Grave conseqüência.
Ela então se despediu e viu com seus olhos claros e trêmulos
ele dizer Adeus. Pensou por longos instantes o que um amigo lhe tinha dito num
fim de noite. O trem andava sobre os trilhos tempo atrás quando ela dissera sim
ao rapaz meramente desconhecido e não ao seu melhor amigo. Partira seu coração
aos pedaços, ela nem se quer olhou para o chão e viu-o implorando para ela não
seguir em frente.
Há coisas que se devem ser pensadas com mais calma. Há
caminhos que não devem ser seguidos. Há batalhas que não devem ser vencidas.
Assim como a amores que não devem ser amados.
Ela entrou e pela sua não primeira vez chorou sentada perto
da porta de entrada lembrando velhas coisas que tinha guardado. Ela entrou e
como se tivesse passado uma história real em sua mente se virou em favor a
porta, abriu, e sem mais pensar correu em direção ao mais novo sentimento que
tivera encontrado em uma tarde tão tensa e cheia de decepções. Ao amigo que
dissera não seguir em frente. Cabeça dura. Teimosa. Seguiu. Ao chegar mais
próximo viu que já era tarde de mais. Partira dessa vez seu coração. E caiu de
joelhos ao chão, completamente forçada a sorrir juntamente ao seu fracasso.
Há coisas que não se devem esperar. Há coisas
tão raras que são impossíveis acontecer duas vezes. Há coisas que devem ser
valorizadas. Assim como a pessoas bem na nossa frente que precisam ser
enxergadas.
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